quinta-feira, 9 de setembro de 2010

os anos do SUD

Sociedade União Desportiva (SUD)

S.U.D (1931–1942) - Durante 5 anos entre 1938 e 1942 uma das melhores equipas da Aveiro



Das cinzas da União Brandoense nasceu a Sociedade União Desportiva Brandoense, que rivalizou durante quase 8 anos com a outra equipa local, entre 1931 a 1938, entre campeonatos da promoção e das primeiras com partidas renhidas e com muitas peripécias.
Pelas fileiras desta equipa passaram alguns dos melhores jogadores da terra, disputando por 2 épocas 2ª liga nacional da zona Douro Litoral, mas infelizmente terminaria no seu auge em 1942 quando era a melhor equipa do concelho, rivalizando com o Espinho, Feirense e a Ovarense os títulos da primeira divisão.
Parte dos jogadores da época 32–33 vinham do PBFC que disputara antes a promoção de 1931-32, mas com a zanga entre directores rumaram à SUD e começaram o dito campeonato da promoção em 1932. O primeiro jogo oficial entre ambas equipas realizou-se no dia 18 de Junho de 1932 no campo das Ameixoeiras; terminou com o resultado de 3-0 a favor da SUD e começou então um ror de polémicas, com a rivalidade chegar diversas vezes a extremos e com vantagem para a equipa da Estação.
Da fundação em 1932 não podem ser esquecidos os nomes de: Dias da Póvoa, Joaquim Oliveira (Estronca), cujo Café Carioca serviu de sede deste clube, Jorge Pinto de Sá e António do Chico, entre outros, que foram ferrenhos defensores desta agremiação, digladiando com os rivais das Ameixoeiras acesas discussões. Não foi fácil a fundação deste clube porque a época era de crise severa; não havia muitos apoios financeiros para a construção doutro campo de futebol, mas a enorme rivalidade entre as duas partes da freguesia fez com que fosse possível tal desiderato. A escolha do terreno recaiu num terreno do Sr. Brandão da Estação, “sendo vendido a uma comissão com pessoas de confiança e de palavra, cuja a honra era mais válida do que assinaturas“, começando a construção do campo em 1932, ficando a baliza norte virada para a Fabrica do “Mata e Rouba” e a parte do sul para os terrenos regadios do actual bairro Vieira Pinto.
A primeira equipa era rudimentar e sem expressão, constituída por meros amadores, mas com a entrada no campeonato de promoção na época 1932–33 e sobretudo com as vitórias sobre o PBFC, tornaram-se relevantes cimentando uma supremacia na região feirense. Apesar disso, somente na época 34-35 subiriam à primeira divisão; disputariam na época 1935-36 a 2ª divisão por questões financeiras, subindo na época 36–37 e até acabar em 1942, quando desceu à Promoção.
A mais valia desta equipa ficaria reforçada com a chegada de Zé Tarene em 1932 vindo do Estrelas de Ovar, constituindo como o maior goleador e extremo esquerdo existente nesta terra. Mas não podem serem esquecidos outros valores, onde se revogam nomes como: Alberto Oliveira, Lino Relvas, Pereira, Titi, Lino Carvalho; parte destes chegariam a ingressar no FCPORTO, ESTORIL e noutras equipas da região.
Na época 1932 ano da sua entrada no campeonato de promoção obteve duas vitórias sobre o PBFC: 3-0 e 4-2, ficando em 5º lugar.
Na época 1933, a SUD alcançaria o 4º lugar, disputaria a subida mas perdeu a final com o Estrelas de Ovar.
Na época 1934, a SUD subiria de divisão , disputando com a outra equipa local o campeonato.
Na época 1935 disputou a 2ª divisão, vencendo a sua poule, com o Feirense, U. Lamas, Estrelas de Ovar, Beira Mar, Império de Anta, Cesarense, sagrando-se campeão de Aveiro.
Nas épocas de 1936 e 1937 disputaria a 1ª divisão ficando em 3º lugar, falhando por pouco a subida à 2ª divisão nacional.
Na época 1938–39, a SUD disputaria a 2ª divisão nacional série Douro Litoral, depois de ter vencido o seu grupo A de Aveiro da 1ª divisão e vencendo o Beira Mar na final dos 2ºs classificados por 3-1, em que o SP. Espinho se sagraria campeão de Aveiro.
Na época 1939-1940, a SUD disputaria de novo a 2ª divisão série Douro Litoral, tendo por isso vencido o grupo A, após renhida luta com o União de Lamas.
Na época 1940–1941 falharia por pouco a subida à 2ª divisão Nacional, após derrota com a Ovarense em 3 jogos com 2 empates e a finalíssima derrotados por um penalty, em jogos polémicos que conduziria ao seu desaparecimento, tal facto que aconteceria na época 1941–42, com a desistência desta equipa no final do jogo com a Ovarense em que haveria sérios desacatos entre atletas e a equipa da arbitragem, levando ao abandono da equipa do campo .


Os anos de ouro da SUD de 1938 a 1940

A época de 1938–39 foi bastante benéfica para a SUD, onde terminou a 1ª fase em 2º lugar atrás do Espinho. A primeira divisão de honra era composta pela: Ovarense, Espinho, Oliveirense, Beira Mar, Sanjoanense e SUD; no fim da primeira volta a classificação era a seguinte:
1º- SUD, 4V, 1E e 1 D, 15 Pontos,
2º- Espinho e Ovarense, 3V, 1E e 1D, 13 pontos,
3º- Oliveirense, 3V e 3 D, 13 Pontos,
4º- Beira-mar, 2 V e 4D, 10 Pontos e
5º- e em último, Sanjoanense, 1V, 1E e 4D, 9 Pontos.
A SUD era líder incontestável ao fim da 1ª volta, com uma linha avançada muito forte, que apesar de ter uma linha defensiva inconstante, possuía uma linha média e avançada temíveis, onde possuía extremos muito rápidos (Tarene e Arlindo) e um avançado muito concretizador (Pereira). A primeira volta foi muito boa para o SUD, mas claudicou na 2ª volta terminando empatada com o Espinho, ficando em segundo por melhor goal-score da equipe dos Tigres e por conseguinte apurou-se pela primeira vez para a poule da 2ª divisão. Os resultados da SUD foram os seguintes: Espinho (1-1, 1-1), Ovarense (3-1, 3-3), Oliveirense (3-1, 3-0), Sanjoanense (2-1 , 3-2) e Beira-mar (1-3 e 1-1), com a classificação: 5V, 4E e 1D, 24 Pontos.
A SUD ficou incluída na II Divisão – Série Douro Litoral, onde estavam equipas da região do Porto e por conseguinte muito fortes ficando, desde logo, muito condicionada a possibilidade da nossa equipa subir de divisão; mas mesmo assim, apesar do último lugar, a equipa brandoense conseguiu 2 vitórias, 5-3 ao Leça, 2-1 ao Espinho e 1 empate 1-1 com o Espinho, sofrendo 7 derrotas: 5-3 e 5-1 com o Boavista, Salgueiros 7-1 e 5-0, Leixões, 4-0 e 5-0 e Leça 3-1. Apesar de alguns resultados desnivelados, a equipa brandoense realizou um campeonato interessante, pois esta era muito amadora. Os jogadores jogavam por amor à camisola e contra a força não havia resistência; a equipa tipo dessa altura era: Lino Carvalho, Veluda, António Malícia, Lino Relvas, Nelinho Malícia, Valada, António Oliveira, António da Fabiana, Pereira, Loureiro, Arlindo, Tarene, Rebola, Pais, Guedes.
Os jogos disputados no campo da Estação entre o Boavista, Leixões e Salgueiros, arrastaram multidões a visionar os jogos, onde o transporte do caminho de ferro não está alheio, pois era fácil vir do Porto via Espinho. O jogo disputado entre o SUD e o Boavista foi o melhor de sempre realizado na localidade, que nem mesmo o desfecho de 3-5 a favor da equipa nortenha, esmoreceu as gentes locais, pois o resultado só aconteceu devido à lesão do valoroso Lino Carvalho, quando o resultado era de 3-1 a favor dos locais.
A época de 1939–40, foi a mais brilhante do clube brandoense, tendo terminado o campeonato de honra de novo em 2º lugar atrás do Espinho, só não foi campeão porque foi espoliado pelas arbitragens, especialmente no jogo disputado em Espinho, onde foi inventado um penalty e expulsos 3 jogadores locais. O Campeonato de honra teve como equipas participantes: União de Lamas, Lourosa, Beira Mar, Sanjoanense, Ovarense, Espinho, Estrelas de Ovar e a SUD. Nesta época, foi o começo de jogos entre Paços e Lamas, começando desde então uma rivalidade entre as freguesias vizinhas, arrastando multidões e jogos intensos. Para melhor compreender o que digo, o clube local não ficou em 1º porque perdeu o jogo do titulo com Lamas na Estação, permitindo ao Espinho ser Campeão.
O Campeonato foi muito renhido, chegando a estarem 3 equipas empatadas a 3 jornadas do fim sendo, por isso, polémicas as mesmas, com arbitragens caseiras, roubos de igreja e muita confusão, envolvendo: SUD, Ovarense e Lourosa, obrigando inclusive a um terceiro jogo entre a SUD e a Ovarense, com a vitória a sorrir aos locais por 4-1. Não possuo a totalidade dos resultados, mas entre os que conheço: Lamas e o SUD 1-4, 3-1, SUD - Lourosa 4-3, 4-4, SUD – Espinho 1-2, 2-1, SUD – Beira-Mar 1-3, 2-1, SUD – Estrelas 6-3, 1-1, SUD – Ovarense 4-3, 1-4. Foi necessário um playoff entre SUD – Ovarense, sorrindo a vitória aos locais por 4-1, com 3 golos de Tarene. Durante o jogo entre o Ovarense e o SUD deu-se um caso que marcou este clube, pois conduziu ao abandono da prática do futebol do central Joaquim Loureiro que, segundo as suas palavras, “terminei para o futebol na ida a Ovar onde a escandalosa arbitragem dum tal Hilário que nos prejudicou em favor do Espinho, que disputava connosco o primeiro lugar, marcando um penalty inexistente, perdi a cabeça agredindo-o, abandonei o campo e o futebol para sempre. Soube que a baliza foi ocupada pelo Alfredo do Lino, que seria anos depois defesa do F. C. Porto, mas tinha jeito para qualquer posição. Pensei ser irradiado mas só levei dois anos mas o futebol acabara para mim. Nessa mesma época o grande Lino Carvalho acabou para o futebol. “
Por isso, de novo a SUD ficou apurada para a II Divisão – série Douro Litoral 1939–1940, competindo de novo com as equipas do Porto, onde se encontravam: Boavista, Leça e Salgueiros, e o campeão de Aveiro, Espinho. Ficou de novo evidente a fragilidade da nossa equipa em compita com as fortes equipas da série, mas conseguiu um resultado surpreendente quando venceu e Leça por 5-3, retirando a este último a possibilidade de subida; a equipa da SUD terminou em último lugar com apenas 2 pontos, com 1V, OE e 7 D, e o score de 13-35 golos: Boavista 2-6, 3 -5, Espinho 0-3, 2-3 , Leça 5-3, 0-3 e Salgueiros 1-6, 2-4 .
Pegando num artigo do grande Tarene, o mesmo recalcava: “bom, as nossas tácticas de jogo eram diferentes das de hoje. Eram tácticas para fazerem golos. O sistema de marcação era outro: guarda redes, 3 defesas, 2 médios e 5 avançados. Ora havia 5 avançados contra 3 defesas, o que facilitava a penetração. Mas tinha que ser um jogo cruzado e largo para que os avançados pudessem marcar. Hoje as tácticas são mais defensivas, por isso os avançados dão menos nas vistas. No meu tempo eram jogos de contra ataque, jogo ao primeiro toque, corrido, sem mastigar. Por outro lado, éramos todos valentes, bastando recordar os seus nomes: Alfredo Lino, Lino Relvas, Preguiça, António da Fabiana, Lino Carvalho, Alberto Oliveira, Arlindo, Avelino Sapateiro, Veluda, António da Laura, Zé Cocas, Ângelo da Guedes, Titi, Zeca da Elvira, Toneca das Fogaças, Jorge das Mobílias, Joaquim Loureiro e Américo, António e o Nelinho Malícia, Rei do Café Vouga, Olímpio, Zeca Ferreira, Rogério, Torto, entre outros, foram indivíduos fortes, possantes. Tínhamos uma defesa onde não passava ninguém e uns avançados de meter medo a qualquer defesa. As pessoas admiravam-se de eu ser tão pequeno e ter tanta força… O Jorge das Mobílias chegou a treinar para guarda redes, mas quando lhe aparecia pela frente fugia. Os jornais da altura teciam muitos elogios ao extremo esquerdo, afirmando que parecia impossível como arrancava com a bola para fazer golo, sem dar tempo de o adversário se aproximar.“

A melhor equipa de sempre da SUD em 1939 - DE PÉ: Arlindo, Zé Cocas, Loureiro, Alfredo Guedes, Avelino Ribeiro e Lino Carvalho. AGACHADOS: Rui Técnico, Ângelo Guedes, Lino Relvas, Tarene e TITI. Desta equipa fazia parte também: Alberto Oliveira e Pereira.

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